sábado, 4 de julho de 2009

Necrotério - Aqui

Aquela placa sempre me disse muita coisa, obscuridade, luz, paz. Na verdade ter muito que pensar a respeito sempre anulou qualquer opinião que por alguns minutos eu possa ter formado. Durante o dia, talvez a luz do sol, que principalmente nessa época do ano parece estar com força total, não sei, talvez seja mera impressão causada pela expressão que as pessoas fazem ao observar uma placa que exala trevas em meio a reflexos que talvez nos digam: “Foi melhor assim”, mas enfim, o dia é o período mais confuso e talvez complexo que possa haver para um lugar que diz para quem quiser ouvir: “Venha nos conhecer”, isso porque uma vez conhecido você passa a ter que ser reconhecido, talvez isso seja demais para meros humanos mortais, quem sabe, aliás, mortal é justamente o que nos torna dependentes de sentimentos que me fazem, por exemplo, me curvar quando essa porta abre, afinal, cada abertura que ela sofre é uma porta em mim que se fecha. Depois disso vem a hora de chorar. Chorar também nos faz refletir, somados aos pensamentos que não existem mais, que foram arrancados pelo vento que sai daquela porta, temos uma singular lágrima que se pluraliza com outras muitas que vem logo depois, depois inclusive que é quando já não existe mais o ser porque nessa hora eu já fui com ela. E ela não está aqui, não porque quis conhecer aquela placa, mas simplesmente porque a leu, mas não só leu, a viveu, aliás, não vive mais. E agora que o dia já passou a porta já se fechou, eu paro para ler o que antes não viam os meus olhos, sim, além das palavras que nos fazem pensar o que não pode ser sentido, lido, nem dito, há uma que diz ‘aqui’. E é quando eu simplesmente bocejo e digo... quando em outro lugar minha vida vivenciar os reflexos daquela simples placa então é quando eu posso pensar, mas também já vão ter se passado todos os meus pensamentos e sentimentos, sim, minha vida.

Um comentário:

Daniela Dias Ortega disse...

Atmosfera pesada, cinza e a velha melancolia poética alexandrílica ;P
Pocha, muito bom mesmo.